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segunda-feira, 12 de julho de 2010

DOENÇAS DO CORAÇÃO

Violência, mortes, filhos assassinando pais, maridos assassinando esposas, ódios raciais, ódios religiosos, pessoas pacíficas pegando em armas dispostos a matar... Afinal, o que está acontecendo com o nosso mundo?

Surgirão muita explicações sociais e psicológicas para fatos como estes. Porém, a Bíblia vai ao âmago da questão - o que está por trás de todos esses acontecimentos são as "doenças do coração". Jesus sabia que a iniquidade sempre é concebida no coração, antes da palavra ou da ação, daí o motivo dEle nos dizer que é "de dentro do coração dos homens é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, a malícia, o dolo, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura" (Mc 7.21-22).

A palavra coração é traduzida do grego "kardia". A bíblia o vê como a sede dos sentimentos, das emoções, da consciência. É por isso que Deus deseja tanto o nosso coração: "filho meu, dá-me o teu coração" (Pv 23.26).

A palavra coração incorporou-se firmemente à língua portuguesa, e ela é hoje usada para expressar a personalidade ou o estado de espírito das pessoas. Há os que têm "coração duro", "coração perverso" ou "coração rixoso". Mas há também os que têm "coração bondoso" e "coração de ouro". Há quem faz as coisas desleixadamente, sem pôr ali o coração, e há os que põem o coração em tudo o que faz. Há quem abre o coração e compartilha com os seus e há quem feche o coração e torna-se hermético como um caramujo em sua casca. Está aflito, angustiado ou assustado? Está com o "coração na mão". Viu uma cena triste? Tão triste que é de "cortar o coração". Falou com sinceridade? Falou de "todo o coração".

A bíblia é um livro que relata a história de muitos que sofriam de problemas do coração - os cardiopatas emocionais e espirituais. Vemos logo no começo da história do mundo um homem chamado Caim. Ele era um homem que sofria de coração invejoso e não suportou ver Deus aceitar a oferta de seu irmão. E o que ele fez? Assassinou aquele que fora aceito por Deus. É o primeiro caso de fratricídio.

Há também o caso do rei Saul. Ele passou boa parte de sua vida tentando matar a Davi, não tinha paz, e o seu ódio por Davi tornou-se então uma obsessão incontrolável. Era, sem dúvida, um homem atormentado de espírito, que acabou suicidando-se. Sua doença? Coração rancoroso.

Um dos salmos de Asafe contém o seguinte verso: "quando o coração se me amargou...era como um irracional" (Sl 73.21). Este não é um quadro de um homem sem Deus, não é a descrição de um ateu, mas é a confissão de um homem de Deus que sofria de coração amargurado. Essa doença, muito comum em nossos dias, produz toda sorte de complicações na alma. O coração cheio de fel nos transforma em pessoas embrutecidas, que agem e falam de forma doentia.

Não há nada tão danoso na vida do cristão quanto a doença do "coração dividido". Ele impede ao crente de caminhar, ele traz altos e baixos constantes, ora "sou" ora "não sou". O coração dividido nos amarra e impede uma tomada firme de decisão na fé. Vemos isso claramente quando Elias reuniu o povo para lutar contra os profetas de Baal e questionou-lhes: "Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o. Porém o povo nada lhe respondeu" (1Rs 18.21). Não respondeu porque estava dividido, coxeando entre duas correntes, entre duas formas de ser. Quantos cristãos hoje não coxeiam entre a Igreja e o mundo, entre Deus e o dinheiro, entre a Cruz e a glória efêmera.

De nada adianta anos de conversão, de nada adianta os feitos do passado, de nada resolve a aparente respeitabilidade, se você tem problemas no coração e nãos os reconhece e nem trata deles. São tão sérios esses problemas que eles são capazes de destruir uma carreira cristã, uma vida familiar, um namoro, a comunhão com o Pai, traz dor, morte e separação. E de nada resolve colocar a responsabilidade naquele que tem levado boa parte de nossas culpas - o diabo.

Ele é responsável, sem dúvida por grande parte das mazelas do mundo, mas a responsabilidade pelos "problemas do coração" são minhas. É inócuo ordenar - "sai demônio", se em primeiro lugar eu não olhar lá para dentro de minh'alma e confessar: "É aqui que se esconde a raiz do problema; é aqui que está guardado o orgulho, o desprezo, a ira, a incompreensão...".

Depois de anos de pastorado, ao lidar com todas as espécies de problemas, ouso diagnosticar que uma boa parcela da problemática humana encontra-se no próprio coração. É ali que se esconde o veneno destruidor da própria vida.

Queremos falar como o salmista Davi: "sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração" (Salmo 139.23). Cura-nos, Senhor, de toda cardiopatia, cura-nos, Senhor, do coração espinhoso, do coração empedernido, do coração amargoso, do coração revoltado.... Ajuda-nos, ó Pai, a enxergar as nossas "doenças do coração" para que sejamos curados de verdade.

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