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terça-feira, 11 de agosto de 2009

BEM AVENTURANÇAS (Continuação)

“Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados” - Mt 5.4

1) Explicação:

O estudo sobre as bem-aventuranças pode ser chamado de “A verdadeira felicidade”, porque os princípios que Jesus apresentou são vividos por pessoas que rejeitaram totalmente o reino deste mundo e renderam suas vidas ao reino de Deus. Isso requer que os filhos do reino de Deus vivam por princípios diferentes dos da sociedade secular. Esta é a vida do ponto de vista divino. Isto está bem claro na segunda bem-aventurança: “Bem-aventurados os que choram porque serão consolados”.

Que contradição com os princípios do mundo! A sociedade faz tudo para que não choremos. Milhões são gastos diariamente em filmes, TV, programas, shows, livros e revistas para nos fazer rir e esquecer a miséria, problemas e pecado. Vivemos num mundo de prazer, onde os princípios básicos para uma vida realizada são: felicidade, alegria e divertimento. Porém, a felicidade verdadeira, do ponto de vista de Deus não é assim. Ela vem por meio do choro.

O que Jesus quis dizer ao proferir essa surpreendente frase? O que significa aqui “chorar”? Qual é o tipo de choro que abençoa?

a) O que essa afirmação não significa?

· Chorar não quer dizer ficar triste, ter um semblante de piedade.

· Chorar não é fazer uma cara de miserável ou pobre.

· Esse choro também não é o choro pela perda de um ente querido.

b) Qual é então o choro que consola?

· É uma qualidade espiritual desenvolvida a partir de uma visão de Deus e de si mesmo.

· É ter um profundo senso de sua pecaminosidade.

A pessoa que chora no sentido que Jesus quer dar nesta bem-aventurança reconhece que a alegria e a felicidade não vem necessariamente através das circunstâncias ou situações. Lemos em Habacuque 3.17-19:

Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento, e as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação.

Enquanto o mundo procura produzir alegria, aqueles que estão comprometidos com o reino, reconhecem que a alegria vem como resultado de uma submissão total ao Rei e à sua vontade. Essa pessoa não precisa produzir nenhum fruto do Espírito, mas simplesmente submeter sua mente, vontade e emoções à obra do Espírito que produz essas qualidades nela. Não importa se o sol está brilhando ou não. Por isso, esse choro que traz consolo não é uma experiência triste.

Jesus disse que a pessoa que chora será confortada porque tem uma convicção forte de seu pecado. Isso a motiva a olhar para o Cordeiro que tira o pecado do mundo. A felicidade verdadeira vem desse fato. Lemos na carta aos Hebreus 1.9:

“Amaste a justiça e odiaste a iniquidade ; por isso Deus, o teu Deus te ungiu com o óleo da alegria como a nenhum dos teus companheiros.”

O verbo “chorar” usado por Jesus é o mais forte possível na língua grega. É usado para expressar o choro pelos mortos. É a mesma palavra usada quando Jacó ouviu que seu filho José fora morto. É aquela lamentação inconsolável como resultado como resultado da perda de um ente querido.

A bem-aventurança “os que choram” vem logo depois de “humildes de espírito”. Quando o homem vê a Deus em toda sua santidade, bem como a seu coração desenfreadamente corrupto, é constrangido a chorar. Quando avalia os seus pensamentos, seus feitos, suas palavras, suas reações e seus motivos - tudo o leva a chorar amargamente. Quando pergunta a si mesmo: “Por que reajo negativamente? Por que não consigo vencer aquele pecado e vício em minha vida? Por que sou orgulhoso, invejoso e ciumento? O que há em mim que me faz ficar defensivo, áspero e inseguro?

Ao fazer essas perguntas ele reconhece a sua natureza pervertida e chora. Quando reconhece o princípio do pecado operando em sua mente carnal e mortal, exclama com o apóstolo Paulo : “Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7.24)

A bênção não é somente para quem chora por sua própria condição, mas também para quem chora pela condição da raça humana, seu próximo e a sociedade em geral. Lemos de Jó:

Porque este justo (Ló) pelo que via e ouvia quando habitava entre eles, atormentava a sua alma justa, cada dia, por causa das obras iníquas daqueles” - 2 Pedro 2.8.

Aquele que chora, quando lê os jornais de hoje, fica abismado com as crises mundiais, políticas e econômicas, sociais, morais e espirituais. É interessante que o mundo não encara as crises assim. No meio da guerra, da fome, da angústia, da tristeza, ,continua rindo e tentando ignorar a situação lastimável.

Se não fosse a promessa de Jesus, os filhos do Rei estariam perdidos em seu choro. Mas que promessa gloriosa: “Eles serão consolados. ”Isto não é somente uma promessa futura, quando Deus há de enxugar as lágrimas dos olhos na eternidade, mas é uma promessa para os dias atuais. O homem que realmente se arrepende dos seus pecados, que olha para o salvador e que chora: “miserável homem que eu sou”, também pode exclamar com alegria: “Graças a Deus pela vitória em Cristo Jesus, nosso Senhor”.

Sim, o choro pelo pecado traz alegria, consolo e paz, porque somos compelidos a buscar a Deus, o grande Consolador. Que alegria ter o pecado perdoado e ser confortado pelo amado Pai! Feliz é o homem que chora!

“Ao anoitecer pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã - Sl 30.5.


Roy Hession, na introdução de seu livro “A senda do calvário”, escreve: “Para que Deus possa abençoá-lo através da leitura dessas páginas, você precisa vir a elas com uma fome profunda no seu coração. Precisa estar possuído de insatisfação quanto ao estado geral da igreja, e quanto a si mesmo em particular - especialmente quanto a si mesmo! Deve estar pronto a permitir que Deus comece a obra dele primeiramente em sua pessoa, e não em outra. \precisa, além disso, ser possuído de uma santa expectativa de que Deus pode satisfazer a sua necessidade e irá fazê-lo. Se é em qualquer sentido um líder cristão , a urgência do assunto se intensifica. A disposição de admitir sua necessidade e de ser abençoado determinará o grau de que Deus irá abençoar o povo a quem você ministra. Acima de tudo é preciso que compreenda a necessidade de ser o primeiro a se humilhar junto a cruz. Se uma nova sinceridade com respeito ao pecado se faz necessária entre o seu povo, precisa começar consigo mesmo. O povo de Nínive se arrependeu quando seu rei se levantou do trono, cobriu-se com um saco e se assentou nas cinzas como sinal de seu arrependimento. - Não aconteça, porém, que os leitores que não são líderes, sejam tentados a olhar para os que são líderes, e fiquem esperando por eles. Deus deseja começar com cada um de nós. Deus quer começar com VOCÊ!!!

2) Exemplos de Cristo:

a) Lucas 19.41-44: Jesus chora por Jerusalém, não porque ele (Jesus) estivesse sendo rejeitado, mas porque o povo não aceitou a salvação que Deus enviara.

b) Lucas 22.44: Jesus agonizou por causa do pecado da humanidade.

3) Exemplos de fieis:

a) Davi - quando confessou seu duplo pecado (adultério e homicídio):Salmo 51.1-4,16,17; 2 Sm 11.1-5.

b) Isaías - quando viu Deus numa visão, chorou. Foi então chamado para uma obra: Is 6.1-8.

c) O filho pródigo - quando voltou para a casa do seu pai: Lc 15.11-24.

d) Pedro - quando negou a Jesus pela terceira vez - Mt 26.29-75.

4) Atitudes positivas naqueles que choram:

a) Crescem em temor ao Senhor, pois “o temor do Senhor consiste em aborrecer o mal; a soberba, a arrogância, o mau caminho, e a boca perversa eu os aborreço” - Pv 8.13.

b) Por ter o temor do Senhor, cresce em sabedoria. Pv 9.10.

c) Por ter o temor do Senhor, prolonga os dias de vida. \Pv 10.27.

d) Os filhos sentem segurança quando vêem o temor do Senhor em seus pais - Pv 14.26.

e) Por ter o temor do Senhor facilmente não cai em laços de morte - Pv 14.27.

f) Por ter o temor do Senhor o mal não o visitará - Pv 19.23.

g) Por ter o temor do Senhor não será escravo de inveja - Pv 23.17.

5) Atitudes negativas nos que não aprenderam a chorar o pecado:

a) Falta de visão - não tem alvo definido em sua vida - Pv 29.18.

b) Insensível à gravidade do pecado.

c) Espírito frívolo, gosta de piadas picantes. Acha graça do pecado - Ef 5.4.

d) Orações sem resposta - Tg 4.2,3.

6) Auto-exame:

a) Gosto de filmes violentos e de sexo? O pecado me atrai?

b) Aguço os meus ouvidos quando alguém está contando uma piada picante?

c) Ao ver um irmão cair em pecado, me entristeço apenas pelo também me irrito com o irmão?

d) Vejo mais os pecados dos outros do que os meus próprios?

7) Bençãos na vida de quem chora o pecado:

a) Será consolado, isto é, terá em seu íntimo a verdadeira alegria e paz de Deus, mesmo em circunstâncias adversas.

b) Por ter uma atitude correta perante Deus para com o pecado, sua capacidade criativa florescerá na vida particular e na obra do Senhor.

c) Terá uma vida profunda de oração, vendo resultados sobrenaturais por meio da mesma.

d) Terá um coração compassivo e será sensível às necessidades espirituais, mentais e físicas dos outros.

e) Formará planos para efetivar essa ajuda aos outros em suas necessidades.

8) Passos e decisões para aprender a chorar o pecado:

1. Deus nos torna sensíveis ao pecado pela palavra: “A Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” - Hb 4.12.

2. Quando a Palavra de Deus inquieta o homem em seu pecado, o homem começa a buscar Deus.

3. Depois que o pecador se reconciliar com Deus por meio do perdão em Cristo, a palavra chave é obediência: “O Espírito Santo que Deus outorgou aos que lhe obedecem” - At 5.32

4. Pedir ao E. Santo para derramar um poderoso avivamento, a começar em mim. Avivamento nada mais é do que uma renovada visão da gravidade do pecado e uma renovadas visão da graça de Deus revelada e Cristo (Lc 11.9-13).

5. Dos pecados que o E. Santo me mostrar, não descansar até eliminá-los:

6. Confessando-os em sincera contrição diante de Deus;

7. Olhando para Cristo que, com seu sangue, expiou as culpas e nos libertou da escravidão ao pecado e ao diabo;

8. Fazendo as restituições necessárias como prova do meu arrependimento;

9. Decidindo não mais repeti-los, com a assistência do E. Santo.

10. Meditar bastante na paixão e morte de Cristo. Ao fazer isso verei claramente duas cousas:

11. A gravidade do meu pecado;

12. O grande amor de Cristo por mim.

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